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Rogerio Greco |
Ainda
lembro o dia em que professora Iracema adentrou a sala de aula, tecendo
comentários sobre a idéia de organizar um evento com o professor Rogério Greco,
do simples comentário até a realização efetiva do seminário, se deu em menos de
dois messes, o que é um recorde, afinal éramos todos inexperientes para a organização de algo do tipo.
O
fato de sermos meros acadêmicos de direito e sem tempo algum sobrando no
dia-a-dia, apenas contando um com o outro e com a única pessoa que tinha alguma
experiência, que por sinal já estava uma pilha de nervos e animus aflorados,
não tivemos medo, encaramos a proposta, nosso nome passou a ser “trabalho” e o
sobrenome “hora extra”.
Com
tanta dedicação por parte de todos, conseguimos esgotar os ingressos em vinte e
alguns dias de venda, o que não era para ser surpresa, afinal aquele que
vendesse a maior quantidade de ingressos ganharia um carro, inclusive já deixei
o meu escolhido na concessionária, restando apenas que a doutora Iracema Silva
assine o cheque e autorize a compra.
Mesmo
com todos os ingressos já vendidos o trabalho não parou, pelo contrario, o
nosso sobrenome mudou de hora extra para trabalho “escravo voluntariado”, haviam
inúmeras coisas a serem resolvidas: as
camisas, o buffet, crachás, lista de convidados, alunos sem ingresso,
organização dos colaboradores, problemas com patrocinadores. Nossa! A data
final já estava se aproximando e ainda tínhamos muito trabalho pela frente.
Confesso
que as vésperas do dia tão esperado e planejado não consegui pregar o olho,
quando cochilava sonhava com professora Iracema dando bronca porque algo estava
errado, até que o dia clareou e pude sair para resolver os últimos detalhes.
Boa
parte dos colaboradores compareceu para ajudar no toque final, enquanto
organizávamos pastas, credenciais, decoração do auditório, a sala VIP, mesa
para venda de livros, local de autógrafos, a diretora geral, só pensava em ir
almoçar com Greco, mas quem não queria estar no lugar dela, eu daria minha nota
da unidade para almoçar com ele, seria chique demais.
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Eu e Professor Rogerio Greco |
O
grande momento chegava, estávamos todos lindos, camisas padronizadas, que por
sinal ficou muito bonita, todos ansiosos, no entanto muito bem organizados até
que professora Iracema resolve me convidar para ser mestre de cerimônia, minha
cabeça girou, o chão se abriu, se em sala já sinto que o mundo esta caindo
sobre mim quando me apresento imagina só quando tivesse que falar no púlpito.
Mantive-me
firme e aceitei com muito grado o convite, tínhamos cerca de uma hora para
ensaiar, lia e relia o texto, só que não conseguia expressar minha emoção no
que estava lendo, não consegui ser natural, atropelava as palavras como um
caminhão desgovernado.
Gabriel
da Faculdade Batista, que também seria mestre de cerimônia ficou ao meu lado
concertamos um o erro do outro e viramos ótimos amigos, tentamos de todas as formas melhorar nossa
performance até que do nada a porta do céu se abriu, eis que vejo ninguém menos
que professor Rogério Greco, se estávamos nervosos agora a perna já não
suportava o peso do corpo. Com muita simplicidade Greco nos parabenizou pela
coragem de encarar o público e pelo desempenho, que naquele momento era só
ensaio, o que foi muito motivador para mim e com certeza para Gabriel.
Finalmente
a Série Diálogos chegou ao seu momento, Dialogando com Greco, como de praxe em
um congresso que se preze, compomos a mesa, representando a Faculdade da Cidade
do Salvador, a ilustre professora Renata Torres, coordenadora do curso de
direito, ao seu lado o Professor Yuri Ubaldino, que apesar de ser mestre na FCS
naquele momento representava a Faculdade Tomaz de Aquino, a elegante e mentora
do evento Professora Iracema Silva, que foi aplaudida por seus alunos mais que
qualquer outro que tenha se sentado aquela mesa, o ilustre Professor Wolney
Perrucho, que presidiu a mesa com muita elegância e sabedoria, representando
ali a Faculdade Batista Brasileira e o ilustríssimo professor e embaixador de Cristo professor Rogério
Greco.
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Eu e Gabriel - aluno da FBB |
Feito
os devidos agradecimentos e passada a palavra a Greco, este fez com que nos
sentíssemos mesmo num verdadeiro diálogo, tendo como tema principal de sua
palestra a Teoria do Crime, este explicou com clareza o que vem a ser tipicidade, ilicitude e suas excludentes e a
culpabilidade, trouxe conteúdo histórico do conceito informal da teoria do
crime em 1906, conceitos de diversos autores, valeu-se de exemplos exagerados e cheios de
graça, fatos ocorridos em sua vida real, inclusive afirmou que não era um bom
estudante, que pescava e tirava notas baixas, o que levou os estudantes ao
delírio, afinal se Greco que é um nome de peso no direito penal, uma pessoal
renomada, com diversas obras publicadas já pescou, porque nós simples e mortais
estudantes, traçando o caminho da vitória não podemos consultar o coleguinha na
ora da prova para esclarecer duvidas?
Ao
termino do seminário acredito que muitos ficaram com gostinho de quero mais,
esses não devem nem se preocupar, pois já esta por vir um novo capítulo da
Serie Diálogos, talvez não tão bom quanto o primeiro, afinal o primeiro sempre
é mais gostoso, porém teremos a mesma garra e força de vontade e quem sabe até
o mesmo palestrante.
Com
toda a certeza este não foi qualquer congresso, foi o nosso congresso, momentos
que ficaram registrados nas fotografias (que são muitas) e na memória, para mim
foi gratificante participar da organização e agradeço a todos, Iracema,
Osvaldo, Ellis, Marta, Fabrício, Cecília, Gabriel, André, Lilian, Bruno e
aqueles que não foram citados mais puderam fazer parte deste momento, afinal
conquistamos amigos, nos sentimos úteis e capazes e literalmente tivemos a
oportunidade privilegiada de Dialogar com Greco.
Por: Larissa Ferreira de
Oliveira, acadêmica de Direito da Faculdade da Cidade do Salvador.